Reciclagem de Óleo de Fritura Usado (OFU)

Artigo por: Caio David - Especialista em Gestão Estratégica de Energias Renováveis e Biocombustíveis

Fundador da Ciclou Tech @ciclou.tech / Site: ciclou.tech 

A reciclagem de óleo de fritura usado (OFU), que experimentou um crescimento notável entre 2017 e 2022, enfrenta desafios em 2023, revertendo a tendência positiva dos anos anteriores. Em 2022, o setor movimentou cerca de 700 milhões de reais, gerando 4500 empregos diretos e impactando positivamente o meio ambiente e a sociedade. Entretanto, o atual cenário apresenta desafios consideráveis para os recicladores de OFU no Brasil.

Cenário Atual e Desafios em 2023:

O setor enfrenta um cenário desafiador em 2023, com a perspectiva de processar aproximadamente 15 milhões de litros a menos de OFU em comparação com os 148 milhões de litros processados em 2022. Essa redução é atribuída a diversas causas, sendo a principal delas a queda nas cotações internacionais do óleo de soja, que, desde junho de 2022, acumula uma diminuição superior a 40%, refletindo na precificação do OFU no mercado interno.

Esse contexto, aliado ao crescimento desordenado do setor, falta de políticas públicas direcionadas e tecnologias eficientes, culminou no encerramento das operações de pelo menos 23 micro e pequenas empresas de reciclagem no Brasil. Esse número ainda pode aumentar até o final do ano, destacando a urgência de ações para reverter esse cenário.

Oportunidades no Setor de Biocombustíveis:

Apesar dos desafios enfrentados no curto prazo, o OFU encontra oportunidades significativas no setor de biocombustíveis a médio e longo prazo. A ausência de políticas públicas específicas é compensada pela integração com iniciativas como o Renovabio. Esse programa possibilita a emissão de mais Créditos de Descarbonização (CBios) para usinas que produzem biodiesel a partir de OFU, considerado uma biomassa de baixo carbono.

Outra iniciativa promissora é o Projeto de Lei 4516/23, conhecido como PL do Combustível do Futuro. Esse projeto visa estimular a produção de biocombustíveis de segunda geração, como o diesel verde e o biocombustível de aviação. Essa abordagem favorece a utilização de matérias-primas alternativas, incluindo a Macaúba e o OFU, consolidando oportunidades futuras para a cadeia de reciclagem de óleo de fritura usado no Brasil;

Em um contexto desafiador, é crucial que o setor e as autoridades colaborem para implementar políticas públicas específicas, promover o crescimento sustentável e enfrentar os desafios emergentes, assegurando a continuidade do progresso conquistado nos últimos anos.